sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Dialogós, Dialogu. Diálogo. Dia logo. Dia, logo. Conversação.

Ocupou-se, ocupou-me.



- E você gosta de quê?
- Eu gosto de narrativas.
- Ah, eu não tenho tempo pra narrativas. Vida corrida, estudos... Sabe como é, né.
- Sei. Estou me simpatizando por narrativas ultimamente. Minha vida é uma!
- Isso é bom, né?
- É. Antes ela era cheia de espaços vazios.
- Um espaço vazio existe porque alguém dá liberdade a ele... Não?
Estão abertas as portas da liberdade. Onde você adentra com um vôo rasante e faz um pouso sensacional. Ou então atravessa as barreiras como quem não quer nada, assoviando um trecho daquela sua música predileta, qual era mesmo? Aquela que começa com um ta na na... E assim vai. Ou então simplesmente bate no portal. Toc, toc, toc. Ou tic, toc. Cria um compasso, bate palma, chama o coração. Adentrou a vida. Pronto. Danou-se, como diria aquele seu amigo que tem um pé no Nordeste. Danou-se nega do doce! Danou-se porque agora está pra dentro. Adentrou, penetrou, invadiu. Não importa se o meio foi ilícito, agora eu estou aí. Ou melhor, você está aqui, batendo palma no meu coração. Batucando no compasso, como naquela música do tic tic tic tac do meu coração. Sabe qual é, não sabe? Claro que sim. Agora que já entrou, já ocupou, folgou-se e tirou os sapatos, deixou as meias no canto, a bolsa sobre a cadeira de balanço, já se jogou numa cadeira e me pediu o café, já ocupou a minha parte, puxou a minha coberta, me deixou sem dormir porque queria conversar, utilizou o meu pijama e ainda me disse com sagacidade que ele era seu. Agora não dá pra dizer que existe espaço vazio. Ainda podemos, convenhamos, sentar lado a lado no chão, utilizando aquela mesinha de centro como base e escrever o maior dos nossos delírios, compor uma bossa, uma prosa, uma narrativa! Ela ainda não existiu. Podemos fazê-la, você já está aqui mesmo. E não vai desocupar, eu sei. Vai passar o ano novo aí, sei também. Ainda vai me pedir pra lhe trazer um café, como se eu me negasse. E então, existe espaço vazio?
- Não. Me alcança um lápis, por favor?
- Lápis pra quê?
- Vou escrever aqui o que você me lembra, depois de toda essa lamuriação floreada.
- E o que te lembro?
- Verás!!!

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